quarta-feira, 12 de novembro de 2014

PODER NEGRO no mês da Consciência Negra

Resistência + Amizade + União = PODER NEGRO



No mês da CONSCIÊNCIA NEGRA nada melhor do que explorar geral uma comunidade que bem representa o negro em Piracicaba!



Com o passar do tempo as amizades, apesar de melhor edificadas que sejam, tendem a se perder pelas linhas da vida.

Os rumos mudam, as pessoas já não conseguem estar tão presentes fisicamente e, hoje com todo o aparato virtual, essa distância tem aumentado e se alimentada por ágeis clicks de teclado.

Os sentimentos esforçam-se para se manter vivos através das vias eletrônicas.

Poder Negro vai além disso.

Já parte para 30 anos de convivência e resistência, utilizando as redes sociais, de telefonia e tudo mais como um simples aparato para a manutenção do bem maior que os norteiam: a amizade.

Amizade que já cruza o tempo, já virou o milênio e vem se multiplicando pelas gerações.

Enfim, o que é PODER NEGRO?

Trata-se de um grupo de amigos - homens e mulheres - que convivem em um estilo misto seleto de irmandade e amizade dividindo gostos em comum, se amparando, se protegendo e se divertindo.

Tudo começou lá pelas décadas de 80/90, fatalmente em um dos momentos mais delicados do país, onde a consciência política ainda não atribuía o menor valor às classes menos favorecidas financeira e culturalmente.

É bem verdade que as classes financeiras ainda encontram pouco apoio hoje em dia, mas havemos de convir que houve uma melhora gritante nesse sentido.

Culturalmente tudo melhorou de forma notável.

As dificuldades do passado hoje são mais amenas, principalmente no tocante aos interesses dessa massa: Cultura Negra, mais especificamente a cultura musical.

A música em si foi o grande diferencial que os uniu.

Num tempo onde a música americana dominava o espaço com ênfase no melhor estilo Rok’n Roll, tínhamos esse movimento de vanguarda buscando se alimentar da música negra que tocava nos EUA e que dificilmente conseguia-se ouvir aqui no Brasil.

Muito menos nas comunidades mais carentes das quais todos faziam parte.

Unidos por uma fita K7, um vinil importado e/ou por um toca-fitas portátil tocando o melhor do Black Music, RAP e até mesmo Hip Hop ou mesmo por uma boa partida de truco, regada a cerveja e pagode da época, nascia o Poder Negro.

Os sábados e domingos em especial eram datas sagradas para a reunião de amigos, programação de um Baile à noite e até mesmo laboratório para ensaio de passinhos a serem lançados no meio da coletividade.

Áureos tempos marcados por uma energia comum utilizada sem economia para o bem coletivo.

Os nomes da época já diziam tudo: Chic Show, Black Mad, Zimbabwe, Modelo Chic, Black Horse, Zanzibar, The Player Som, Black Way, 13 de Maio, DJ isso... DJ aquilo, eram as palavras que faziam os olhos brilhar, o rosto se iluminar e o pensamento viajar.

Com certeza até hoje o fazem.

O tempo passou, as responsabilidades vieram e, a maior delas, de manter unidos e ativos, até hoje se faz valer.

Durante todo o decorrer do ano o Poder Negro realiza reuniões dançantes, regadas à bebida e churrasco em um ambiente fraterno, democrático e livre, no qual participam pessoas de todas as idades e classes sociais em prol de apreciar o melhor do Black Music e da amizade dos que ali se fazem presentes.

Animação, cordialidade, simpatia e simplicidade são facilmente identificados nessas reuniões.

Todas as vertentes da Black Music são exploradas, de forma que todos os apreciadores se deliciem numa doce viagem pelo tempo.

A energia do encontro pode ser notada por qualquer um que se permita parar e observar o movimento das pessoas.

Hoje seus integrantes são os DJs dos eventos, uma vez que investiram em todos os aparatos para a realização de eventos que comportem o público adepto ao movimento.

Som, iluminação, interatividade são detalhes cuidadosamente tratados nesses encontros.

Black DJs da Família Poder Negro como Rock Jay, .Com, Gera Flashback, Isael, Anderson Gregório e outros, desfilam suas playlists no evento e animam a coletividade enfatizando o melhor do gosto musical de cada um, cientes de que nos maiores eventos a média de público é de 300 (sim trezentas) pessoas.

Nos eventos menores o número de público é menor, porém, não deixa nada a desejar em qualidade, pois o povo dança, interage e cria um clima especialmente singular que não deixa nada a desejar para qualquer evento do tipo em qualquer parte do país, quiçá, do mundo.

Poder Negro - Piracicaba/SP - Brasil
O respeito impera, a diversão é garantida e negros e negras especialmente trajados para a ocasião fazem da festa um evento memorável.

Em sua 4ª edição do evento do ano - normalmente realizado no mês de Novembro na Chácara Baldesin em Piracicaba - o Poder Negro já demonstrou a maturidade que vem ganhando com o tempo, abusando da interatividade e dando um show de organização que serve como exemplo para muitos que pretendem desenvolver algo do tipo.

Crianças, jovens, adultos e até mesmo o povo mais maduro (não estamos chamando ninguém de velho) se acabam nos ritmos e estilos, esbanjando energia e interagindo entre gerações.

A grande maioria do público é negro.

Motivo pelo qual também reforça a utilização dessa comunidade como um bom referencial ao mês da consciência negra.

Negros que ocupam as mais diversas classes sociais e profissionais, interagindo no melhor estilo de irmandade que a sociedade pode permitir.

Algo muito bom de se ver e viver, que termina sempre com um gostinho de quero mais.

Poder Negro - Piracicaba/SP - Brasil
Os espaços públicos são escassos para todas as tribos, porém, de forma muito organizada hoje o Poder Negro consegue locar espaço seleto que comporte o público e oferecer toda a estrutura para que os presentes curtam a noite de forma honrosa, respeitosa e com o melhor suporte pessoal possível, preocupados até com os menores detalhes de bem-estar de cada um.

O tempo passou, todos amadureceram, todos envelheceram, porém, o valor da união, companheirismo, confraternização, lazer e bem-estar, sempre se fazem presentes e cada vez mais forte.

Isso é Poder Negro.

Isso é o negro no poder!

Salve o mês da Consciência Negra!



quarta-feira, 1 de outubro de 2014

25 anos - Bar do João Piracicaba


Tradicionalíssimo.
Assim poderemos definir com justiça o Bar do João em Piracicaba, porém, entendendo-se que o lado tradicional está exatamente no que toca os seus frequentadores.
Não se pode pensar que, por ser tradicional, estamos falando de um ponto parado no tempo e totalmente preso às suas tradições, mas sim de um ponto que atrai velhos e novos clientes pelos mesmos motivos de sempre:
  • A cerveja bem gelada
  • A música ao vivo dos finais de semana e feriados
  • Os saborosos lanches, porções e salgadinhos
  • Os velhos amigos e a imensidão de novas pessoas em busca de novas amizades
  • O tradicional atendimento franco e cortês
  • As mesas na calçada, ou aquela figura interessante que certamente poderá sempre ser encontrada lá
  • O público jovem atrás de paquera, ou os/as atendentes atenciosos, simpáticos e prestativos prontos para lhe servir
  • Ou, qualquer outro motivo mais que sempre lhe fará voltar ao Bar do João e comentar com outros amigos que passarão a frequentá-lo também
Por detalhes isolados um empreendimento não se manteria no mercado por tanto tempo sendo referência como ponto de encontro de milhares de pessoas.
Seu público diversificado começa a se reunir no happy hour e segue noite a dentro desfrutando das delícias oferecidas em um vasto cardápio que vai desde um bom papo sobre futebol, desde que não se fale mal do São Paulo, até um bom papo cabeça com direito a desfile pelas mais diversas linhas de pensamento.
A diversidade cultural também é ponto a se destacar, uma vez que suas influências são marcantes e claramente expressas em todo contexto ao observar o público que ali frequenta.
A liberdade de ser, estar, se vestir, pensar, agir ou se postar é totalmente defendida no local, tendo como limite, somente a ordem e o bem-estar.
A regra é ficar à vontade e aproveitar o ambiente e local.
Passando-se na frente do bar, você deparará com uma fachada de um local comum, inicialmente sem grandes atrativos, apenas mais um bar.
O maior pecado que poderá estar cometendo nesse momento será não parar, entrar e conferir e, se possível, até sentar para degustar uma bebida, lanche ou porção que lhe permita aproveitar o tempo e sentir o ambiente.
Facilmente o visitante se espanta ao adentrar o ambiente e identificar em seu interior um salão com palco e espaço interessante que, quando da execução de música, fica totalmente tomado pelos frequentadores do bar e pelos seguidores das bandas que lá se apresentam.
Muito rapidamente à frente do bar vai se formando grupinho de amigos dividindo cervejas, porções, conversas e descontração e, à medida que vão chegando, outros grupos vão se formando e quando você menos espera... lá está a áurea do Bar do João instaurada e pairada no espaço.
Muita gente rindo, falando, bebendo, paquerando e gente chegando e garçons servindo e você?
Você ali no meio rapidamente enturmado conversando com não se sabe quem, mas sabendo muito bem o porquê... Porque você está no Bar do João.
Simples assim.
Após algum tempo frequentando o local, você já será reconhecido e chamado pelo nome, uma característica interessante que ali impera e faz com os clientes - preferenciais por assim quererem ser, pois ser chamado pelo nome destaca que sua preferência está sendo notada e respeitada - sintam-se à vontade e voltem sempre.
Você poderá retirar sua bebida no balcão ou ser servido pelos garçons e consumi-la no interior do bar ou na rua, mas não deixe de depositar o vasilhame em alguma das caixas para esse fim cuidadosamente distribuídas pelo local.
Musicalmente dizendo-se, o local é totalmente eclético o que também colabora para a diversidade dos frequentadores e para com esse movimento eclético de integração que ali se promove.
Inicialmente o Bar do João era amplamente frequentando por estudantes.
Estudantes dos mais diversos níveis de graduação e, obviamente, logo imagina-se: "Um ponto frequentado por estudantes não pode ser um local com valores exorbitantes" o que reflete uma clara verdade e demonstra um motivo interessante demais para experimentar.
O tempo passou, os estudantes concluíram os estudos e muitos deles ainda continuam a frequentar o bar e aproveitar do ambiente familiar ali encontrado e desenvolvido.
Após tanto tempo de estrada, certamente - e isso é algo que não posso afirmar, mas sim imaginar - já existem filhos daqueles que ali frequentaram, passeando hoje pelo local.
As inovações vieram, muita coisa nova é oferecida, mas o velho jeitão de ser que sempre encantou seus frequentadores continua intacto.
Para finalizar destaco o ponto marcante da tradição do local: A marca visual que reflete "a cara" do João e é claramente identificada assim que o visualizam e comparam com o desenho.

Parabéns!

25 anos de sucesso é para poucos e melhor ainda quando sabemos que não parará por aí.


Acompanhe a programação do Bar do João Piracicaba através de sua página nas redes sociais. 
Não deixe de visitar o bar na Rua Morais Barros, 376, para comemorar com o João o aniversário do Bar, aproveite e deixe um comentário aqui em nosso post destacando o que mais lhe chamou a atenção por lá.





AS FOTOS APRESENTADAS NESSA POSTAGEM FORAM EXTRAÍDAS DO PERFIL DO BAR DO JOÃO NO FACEBOOK

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Black Music o "Q" da questão (PARTE 2)

Impera nas baladas Black do interior – esse sentimento declaro avaliando o dia-a-dia de Piracicaba – um certo sincretismo musical do gênero inspirado pelos grandes centros e, no nosso caso, nos movimentos Black da capital paulista.
Ainda existe toda uma diferença comportamental que provém da facilidade de consumo do material fonográfico, da moda e estilo e tudo mais referente ao “jeito black” de ser.
Os movimentos culturais nessa linha possuem um apoio muito maior por lá, o que permite que geograficamente o povo negro tenha opções mais próximas dentro da mesma cidade e, em contrapartida, apresentando para os residentes em demais localidades um sonho de consumo muitas vezes intangível.

É bem verdade que a velocidade com que a notícia se espalha muito colabora para isso, seja no pré ou no pós evento, que rapidamente disponibiliza imagens e vídeos que possibilitam aos mais distantes terem um pouquinho da noção do que tem por vir ou o do como foi, permitindo ainda a absorção da energia gerada e dos conceitos disseminados em tais eventos.
Aproveito a deixa para compartilhar a dica de um point virtual muito interessante nesse sentido: http://www.doladodeca.com.br.
Apesar de todo um grande cardápio de opções, possibilidades e oportunidades, poucos são os que de fato se destacam no cenário da música black, até mesmo nos grandes centros.
O mais recente caso de notoriedade que se pode destacar é o do paulistano Rogério Cássio Rosa, mais conhecido como DJ Puff, que tem conseguido emplacar sets de hip hop e black music por todo o Brasil, porém existem muitos outros buscando a ascensão dentro do segmento. As dificuldades são imensas!
Por muitos fatores o cenário da black music no interior segue ofuscado, limitado ao regionalismo local, gerando muitas dificuldades para que os prodígios DJs consigam romper as barreiras territoriais e levarem a sua arte musical para outros centros.
Identifica-se facilmente uma grande segmentação do cenário musical, tendo aqueles que se pautam em RAP, ORIGINAL FUNK, REGGAETON, RAGGA, GROOVE, SAMBE E PAGODE, SAMBA-ROCK, AFROBEAT e muitos outros, podendo-se observar no palco a troca ou mesclagem de djs e seus estilos, o que torna a noite eclética e agradável, mas que não permite elencar e nem destacar possíveis TOP DJS.
Gosto é gosto e não se discute, assim sendo, toda a orientação ou tendência musical do ser humano em si, também merece respeito, porém, se partirmos desse conceito, fica muito difícil – eu diria quase impossível – dizer que um DJ é melhor que o outro.
Até mesmo o destaque da performance torna-se vulnerável, uma vez que a miscigenação de público tornaria qualquer julgamento tendencioso.
Importante destacar, não há aqui nesse texto uma busca pelo melhor da classe, nem mesmo a sugestão para que ela seja realizada, mas sim um apelo ao respeito à linha que cada um segue e, mais que isso, o apelo à abertura dos ouvidos e dos demais sentimentos movidos pela música, no sentido de identificar os elementos inspiradores em cada vertente da Black Music, respeitando e valorizando cada um dos esforçados executores, que sobem ao palco para apresentar suas técnicas e gostos musicais inquestionáveis.
Se antigo, serve para relembrar, se novo, serve para alimentar o conhecimento e o senso crítico em função dos novos caminhos que estão sendo criados, musicalmente dizendo-se.
Discutimos muito a diferença comportamental do público da Black Music nos grandes centros, assim como a disponibilidade de espaço para a execução do Black Style em muitas casas noturnas.
Devido à energia criada no encontro dos grupos – e isso acontece em qualquer evento – há um cuidado especial no ar quando se trata da Black Music.
Os empresários da noite, devido a drásticas experiências do passado, sejam elas pessoais ou não, são temerosos em abrir as portas para a execução desse estilo aqui no interior paulista.
Claro, isso provém de históricos de depredações, brigas e tantas coisas mais que marcaram de forma negativa o cenário. Felizmente os tempos mudaram e podemos identificar uma grande mudança comportamental no público que, apesar de ainda muito enérgico e vibrante, sabe respeitar o espaço e prima por preservar e manter disponíveis as portas que se abrem com tanta dificuldade para se criar uma opção de lazer tão rara hoje em dia no cenário cultural e musical do negro interiorano.
Aproveito para abordar um ponto muito discutido entre eu e o amigo DJ Antonio Sampaio, detalhe, fazemos parte do movimento de vanguarda, os "velhinhos da Black Music", no meu caso, apenas como apreciador.
Acostumado com as baladas Black da capital paulista, o Dj destaca a diferença comportamental dentro do evento.
Por lá, os frequentadores chegam ao “baile” preparados para dançar, interagir, curtir a balada, seria a definição mais clara do comportamento.
Aqui, especialmente em Piracicaba, observa-se grandes rodas de bate-papo no meio da balada, demonstrando um ritual de preparação ou aquecimento, para então interagirem com o clima criado pelo DJ.
A bem da verdade, como são raras as oportunidades desse tipo de evento, muito raramente também os frequentadores e adeptos tem a oportunidade de se encontrarem no mesmo ambiente, o que causa o momento do famoso “esquenta” - com direito a muitos selfies - para aliviar o saudosismo dos bons tempos em que curtiam juntos e, ainda, para relembrar as histórias e musicais que dominavam as pistas.
Para o público mais jovem, hoje representado por um grupo que viaja junto, sai em busca da Black Music pela região, o clima muda um pouco de figura, uma vez que estão totalmente inseridos no contexto e em plena sintonia, motivo pelo qual seus eventos tem uma vibração maior, uma integração maior!
Claro, existe entre os “mais antigos” aqueles que também adoram entrar no evento para queimar as energias e se entregar ao som da Black Music, assim como existem os mais novos que gostam de "curtir mais de leve" e reservar a energia para o som que o toca mais fortemente.
Tudo muito subjetivo!
Visando fomentar essa troca de energia, ideias e conhecimentos, vale destacar o CLUBE DO DJ, uma proposta de grandes valia e esforço desenvolvidos aqui na cidade.
Ela nasceu empunhando a bandeira de busca de espaço para execução da Black Music, divulgação de eventos e integração entre DJs do gênero, iniciativas dos DJs Cláudio Toledo - Rock Jay e Jaime Cipriano – Ponto Com, com o firme propósito de gerar uma integração que possibilitasse a troca de conhecimentos e técnicas, além de oferecer aos adeptos do movimento uma oportunidade extra de se apreciar o melhor da Black Music de todos os tempos.
Algo sem preconceitos e sem regras que venha a limitar a presença e atuação, tanto dos DJs como do público interessado em si.
A iniciativa já reuniu DJs de várias cidades da região e já trouxe também para as reuniões DJs de renome da capital paulista, presenças muito importantes que serviram – e servem – para valorizar o projeto e proporcionar aos nossos tão esforçados mantenedores do estilo musical uma pitadinha a mais de prazer no meio de todo esse esforço em prol da Black Music.
Em novembro, haverá um pouquinho do clima do Clube do DJ rolando na Festa Black da Família Poder Negro.
Black Music o "Q" da questão

Por enquanto paramos por aqui, mas teremos várias outras postagens no decorrer das semanas EXPLORANDO GERAL o universo da Black Music, em principal, no cenário piracicabano.