Resistência + Amizade + União = PODER NEGRO
No mês da CONSCIÊNCIA NEGRA nada melhor do que explorar
geral uma comunidade que bem representa o negro em Piracicaba!
Com o passar do tempo as amizades, apesar de melhor
edificadas que sejam, tendem a se perder pelas linhas da vida.
Os rumos mudam, as pessoas já não conseguem estar tão
presentes fisicamente e, hoje com todo o aparato virtual, essa distância tem
aumentado e se alimentada por ágeis clicks de teclado.
Os sentimentos esforçam-se para se manter vivos através das
vias eletrônicas.
Poder Negro vai além disso.
Já parte para 30 anos de convivência e resistência,
utilizando as redes sociais, de telefonia e tudo mais como um simples aparato
para a manutenção do bem maior que os norteiam: a amizade.
Amizade que já cruza o tempo, já virou o milênio e vem se
multiplicando pelas gerações.
Enfim, o que é PODER NEGRO?
Trata-se de um grupo de amigos - homens e mulheres - que convivem
em um estilo misto seleto de irmandade e amizade dividindo gostos em comum, se
amparando, se protegendo e se divertindo.
Tudo começou lá pelas décadas de 80/90, fatalmente em um dos
momentos mais delicados do país, onde a consciência política ainda não atribuía
o menor valor às classes menos favorecidas financeira e culturalmente.
É bem verdade que as classes financeiras ainda encontram
pouco apoio hoje em dia, mas havemos de convir que houve uma melhora gritante
nesse sentido.
Culturalmente tudo melhorou de forma notável.
As dificuldades do passado hoje são mais amenas,
principalmente no tocante aos interesses dessa massa: Cultura Negra, mais
especificamente a cultura musical.
A música em si foi o grande diferencial que os uniu.
Num tempo onde a música americana dominava o espaço com
ênfase no melhor estilo Rok’n Roll, tínhamos esse movimento de vanguarda
buscando se alimentar da música negra que tocava nos EUA e que dificilmente
conseguia-se ouvir aqui no Brasil.
Muito menos nas comunidades mais carentes das quais todos
faziam parte.
Unidos por uma fita K7, um vinil importado e/ou por um
toca-fitas portátil tocando o melhor do Black Music, RAP e até mesmo Hip Hop ou
mesmo por uma boa partida de truco, regada a cerveja e pagode da época, nascia
o Poder Negro.
Os sábados e domingos em especial eram datas sagradas para a
reunião de amigos, programação de um Baile à noite e até mesmo laboratório para
ensaio de passinhos a serem lançados no meio da coletividade.
Áureos tempos marcados por uma energia comum utilizada sem
economia para o bem coletivo.
Os nomes da época já diziam tudo: Chic Show, Black Mad,
Zimbabwe, Modelo Chic, Black Horse, Zanzibar, The Player Som, Black Way, 13 de
Maio, DJ isso... DJ aquilo, eram as palavras que faziam os olhos brilhar, o
rosto se iluminar e o pensamento viajar.
Com certeza até hoje o fazem.
O tempo passou, as responsabilidades vieram e, a maior
delas, de manter unidos e ativos, até hoje se faz valer.
Durante todo o decorrer do ano o Poder Negro realiza
reuniões dançantes, regadas à bebida e churrasco em um ambiente fraterno,
democrático e livre, no qual participam pessoas de todas as idades e classes
sociais em prol de apreciar o melhor do Black Music e da amizade dos que ali se
fazem presentes.
Animação, cordialidade, simpatia e simplicidade são
facilmente identificados nessas reuniões.
Todas as vertentes da Black Music são exploradas, de forma
que todos os apreciadores se deliciem numa doce viagem pelo tempo.
A energia do encontro pode ser notada por qualquer um que se
permita parar e observar o movimento das pessoas.
Hoje seus integrantes são os DJs dos eventos, uma vez que
investiram em todos os aparatos para a realização de eventos que comportem o
público adepto ao movimento.
Som, iluminação, interatividade são detalhes cuidadosamente
tratados nesses encontros.
Black DJs da Família Poder Negro como Rock Jay, .Com, Gera
Flashback, Isael, Anderson Gregório e outros, desfilam suas playlists no evento
e animam a coletividade enfatizando o melhor do gosto musical de cada um,
cientes de que nos maiores eventos a média de público é de 300 (sim trezentas)
pessoas.
Nos eventos menores o número de público é menor, porém, não
deixa nada a desejar em qualidade, pois o povo dança, interage e cria um clima
especialmente singular que não deixa nada a desejar para qualquer evento do
tipo em qualquer parte do país, quiçá, do mundo.
O respeito impera, a diversão é garantida e negros e negras
especialmente trajados para a ocasião fazem da festa um evento memorável.
Em sua 4ª edição do evento do ano - normalmente realizado no
mês de Novembro na Chácara Baldesin em Piracicaba - o Poder Negro já demonstrou a maturidade que vem ganhando com
o tempo, abusando da interatividade e dando um show de organização que serve como
exemplo para muitos que pretendem desenvolver algo do tipo.
Crianças, jovens, adultos e até mesmo o povo mais maduro
(não estamos chamando ninguém de velho) se acabam nos ritmos e estilos,
esbanjando energia e interagindo entre gerações.
A grande maioria do público é negro.
Motivo pelo qual também reforça a utilização dessa
comunidade como um bom referencial ao mês da consciência negra.
Negros que ocupam as mais diversas classes sociais e
profissionais, interagindo no melhor estilo de irmandade que a sociedade pode
permitir.
Algo muito bom de se ver e viver, que termina sempre com um
gostinho de quero mais.
Os espaços públicos são escassos para todas as tribos,
porém, de forma muito organizada hoje o Poder Negro consegue locar espaço
seleto que comporte o público e oferecer toda a estrutura para que os presentes
curtam a noite de forma honrosa, respeitosa e com o melhor suporte pessoal
possível, preocupados até com os menores detalhes de bem-estar de cada um.
O tempo passou, todos amadureceram, todos envelheceram,
porém, o valor da união, companheirismo, confraternização, lazer e bem-estar,
sempre se fazem presentes e cada vez mais forte.
Isso é Poder Negro.
Isso é o negro no poder!
Salve o mês da Consciência Negra!