sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Black Music o "Q" da questão (PARTE 2)

Impera nas baladas Black do interior – esse sentimento declaro avaliando o dia-a-dia de Piracicaba – um certo sincretismo musical do gênero inspirado pelos grandes centros e, no nosso caso, nos movimentos Black da capital paulista.
Ainda existe toda uma diferença comportamental que provém da facilidade de consumo do material fonográfico, da moda e estilo e tudo mais referente ao “jeito black” de ser.
Os movimentos culturais nessa linha possuem um apoio muito maior por lá, o que permite que geograficamente o povo negro tenha opções mais próximas dentro da mesma cidade e, em contrapartida, apresentando para os residentes em demais localidades um sonho de consumo muitas vezes intangível.

É bem verdade que a velocidade com que a notícia se espalha muito colabora para isso, seja no pré ou no pós evento, que rapidamente disponibiliza imagens e vídeos que possibilitam aos mais distantes terem um pouquinho da noção do que tem por vir ou o do como foi, permitindo ainda a absorção da energia gerada e dos conceitos disseminados em tais eventos.
Aproveito a deixa para compartilhar a dica de um point virtual muito interessante nesse sentido: http://www.doladodeca.com.br.
Apesar de todo um grande cardápio de opções, possibilidades e oportunidades, poucos são os que de fato se destacam no cenário da música black, até mesmo nos grandes centros.
O mais recente caso de notoriedade que se pode destacar é o do paulistano Rogério Cássio Rosa, mais conhecido como DJ Puff, que tem conseguido emplacar sets de hip hop e black music por todo o Brasil, porém existem muitos outros buscando a ascensão dentro do segmento. As dificuldades são imensas!
Por muitos fatores o cenário da black music no interior segue ofuscado, limitado ao regionalismo local, gerando muitas dificuldades para que os prodígios DJs consigam romper as barreiras territoriais e levarem a sua arte musical para outros centros.
Identifica-se facilmente uma grande segmentação do cenário musical, tendo aqueles que se pautam em RAP, ORIGINAL FUNK, REGGAETON, RAGGA, GROOVE, SAMBE E PAGODE, SAMBA-ROCK, AFROBEAT e muitos outros, podendo-se observar no palco a troca ou mesclagem de djs e seus estilos, o que torna a noite eclética e agradável, mas que não permite elencar e nem destacar possíveis TOP DJS.
Gosto é gosto e não se discute, assim sendo, toda a orientação ou tendência musical do ser humano em si, também merece respeito, porém, se partirmos desse conceito, fica muito difícil – eu diria quase impossível – dizer que um DJ é melhor que o outro.
Até mesmo o destaque da performance torna-se vulnerável, uma vez que a miscigenação de público tornaria qualquer julgamento tendencioso.
Importante destacar, não há aqui nesse texto uma busca pelo melhor da classe, nem mesmo a sugestão para que ela seja realizada, mas sim um apelo ao respeito à linha que cada um segue e, mais que isso, o apelo à abertura dos ouvidos e dos demais sentimentos movidos pela música, no sentido de identificar os elementos inspiradores em cada vertente da Black Music, respeitando e valorizando cada um dos esforçados executores, que sobem ao palco para apresentar suas técnicas e gostos musicais inquestionáveis.
Se antigo, serve para relembrar, se novo, serve para alimentar o conhecimento e o senso crítico em função dos novos caminhos que estão sendo criados, musicalmente dizendo-se.
Discutimos muito a diferença comportamental do público da Black Music nos grandes centros, assim como a disponibilidade de espaço para a execução do Black Style em muitas casas noturnas.
Devido à energia criada no encontro dos grupos – e isso acontece em qualquer evento – há um cuidado especial no ar quando se trata da Black Music.
Os empresários da noite, devido a drásticas experiências do passado, sejam elas pessoais ou não, são temerosos em abrir as portas para a execução desse estilo aqui no interior paulista.
Claro, isso provém de históricos de depredações, brigas e tantas coisas mais que marcaram de forma negativa o cenário. Felizmente os tempos mudaram e podemos identificar uma grande mudança comportamental no público que, apesar de ainda muito enérgico e vibrante, sabe respeitar o espaço e prima por preservar e manter disponíveis as portas que se abrem com tanta dificuldade para se criar uma opção de lazer tão rara hoje em dia no cenário cultural e musical do negro interiorano.
Aproveito para abordar um ponto muito discutido entre eu e o amigo DJ Antonio Sampaio, detalhe, fazemos parte do movimento de vanguarda, os "velhinhos da Black Music", no meu caso, apenas como apreciador.
Acostumado com as baladas Black da capital paulista, o Dj destaca a diferença comportamental dentro do evento.
Por lá, os frequentadores chegam ao “baile” preparados para dançar, interagir, curtir a balada, seria a definição mais clara do comportamento.
Aqui, especialmente em Piracicaba, observa-se grandes rodas de bate-papo no meio da balada, demonstrando um ritual de preparação ou aquecimento, para então interagirem com o clima criado pelo DJ.
A bem da verdade, como são raras as oportunidades desse tipo de evento, muito raramente também os frequentadores e adeptos tem a oportunidade de se encontrarem no mesmo ambiente, o que causa o momento do famoso “esquenta” - com direito a muitos selfies - para aliviar o saudosismo dos bons tempos em que curtiam juntos e, ainda, para relembrar as histórias e musicais que dominavam as pistas.
Para o público mais jovem, hoje representado por um grupo que viaja junto, sai em busca da Black Music pela região, o clima muda um pouco de figura, uma vez que estão totalmente inseridos no contexto e em plena sintonia, motivo pelo qual seus eventos tem uma vibração maior, uma integração maior!
Claro, existe entre os “mais antigos” aqueles que também adoram entrar no evento para queimar as energias e se entregar ao som da Black Music, assim como existem os mais novos que gostam de "curtir mais de leve" e reservar a energia para o som que o toca mais fortemente.
Tudo muito subjetivo!
Visando fomentar essa troca de energia, ideias e conhecimentos, vale destacar o CLUBE DO DJ, uma proposta de grandes valia e esforço desenvolvidos aqui na cidade.
Ela nasceu empunhando a bandeira de busca de espaço para execução da Black Music, divulgação de eventos e integração entre DJs do gênero, iniciativas dos DJs Cláudio Toledo - Rock Jay e Jaime Cipriano – Ponto Com, com o firme propósito de gerar uma integração que possibilitasse a troca de conhecimentos e técnicas, além de oferecer aos adeptos do movimento uma oportunidade extra de se apreciar o melhor da Black Music de todos os tempos.
Algo sem preconceitos e sem regras que venha a limitar a presença e atuação, tanto dos DJs como do público interessado em si.
A iniciativa já reuniu DJs de várias cidades da região e já trouxe também para as reuniões DJs de renome da capital paulista, presenças muito importantes que serviram – e servem – para valorizar o projeto e proporcionar aos nossos tão esforçados mantenedores do estilo musical uma pitadinha a mais de prazer no meio de todo esse esforço em prol da Black Music.
Em novembro, haverá um pouquinho do clima do Clube do DJ rolando na Festa Black da Família Poder Negro.
Black Music o "Q" da questão

Por enquanto paramos por aqui, mas teremos várias outras postagens no decorrer das semanas EXPLORANDO GERAL o universo da Black Music, em principal, no cenário piracicabano.

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