sábado, 5 de setembro de 2015

A INTERNET DOS SONHOS (parte 2)

Para dar sequência à postagem sobre o assunto, precisei fazer uma pesquisa rápida - quase relâmpago - pelos portais e salas de bate-papo.
Não tive coragem de entrar em nenhuma, principalmente por que já não me animava em ter que criar algum apelido e, pior, enfrentar tal ambiente, uma vez que me julgo totalmente fora de forma - e paciência - para enfrentar tal aventura.
Olhando de fora já deu para perceber que muita coisa mudou.
Agora há a possibilidade de utilizarem webcam, nos tempos passado a que me refiro webcam era alguma coisa que líamos em alguma matéria de tecnologia e não tinha lá muita utilidade, até mesmo porque não conseguíamos utilizá-la para o contato com a outra ponta.
Imagina que aos preços que vendiam tal equipamento na época encontraríamos alguém que também o utilizasse tão facilmente assim.
Tempos difíceis.
Pelo lado das regras comerciais parece-me que a proposta não mudou muito.
As salas continuam limitadas a 40 pessoas, com uma reserva para assinantes e continuam existindo salas que privilegiam principalmente os assinantes e possibilita uma quantidade menor para acesso aos não assinantes do portal, mas isso não é fato relevante ainda nessa postagem.
Menciono apenas como ponto de observação.
Muitas salas que existiam no passado hoje já não existem mais.
Ou existem e eu não as encontrei, até mesmo porque não me dei ao luxo de ficar vasculhando o site.
Antigamente, quando esse produto era de interesse geral, recebia destaques imensos, tornando-se fácil de encontrar e até hipnotizador, pois mesmo que procurássemos por outros assuntos, quando menos esperávamos, já estávamos entrando nas costumeiras salas nem que fosse apenas para dar uma espiadinha.
Vamos lá.
A título de pesquisa xeretei salas do tipo Namoro, 40 a 50 anos, 18 a 20 anos e salas de cidade.
Não me atrevi a espiar qualquer sala de papos referente a sexo, religião, política, futebol ou de qualquer assunto mais contundente, porém, nessa rápida passagem pude elencar uma coleção de nicknames que você leitor pode até tentar ligá-los à alguma dessas salas e certamente em muitos casos vai errar.
O foco dessa postagem é exatamente falar um pouco mais sobre essa coisa louca que era a utilização de apelidos.
Não muito diferente dos tempos passados e considerando alguma variação em função da atribuição do recurso de troca de imagens via webcam, posso destacar os seguintes apelidos encontrados:
2Ninfetas na cam, Advogado, Amo ver, Anitha_, Aquariano SP, Betodot, Camgirl, Carinhoso 31, Carinhoso_SP, Carlinhos14, Casado gostoso, Casal procura, Empresário, Escondida, Escravo na cam, Fred Kruguer, Gata, Gatin, Gato, Gato SP, Gostoso, Hanna stripper $$, Hdotado21,
Kasado Carente, Loiro Solteiro, Loveman, Loyra21, Moreno Safado, Mulher de aluguel, Novinho, Novinho quer homem, PM só amizade, Pocahontasduhpará, Quero_namorada, Quero_você, Vania sarada
Claro que respeito o processo como funciona o recurso e os utilizadores, mas, não posso deixar de ressaltar o fato relevante.
O sonho dos utilizadores em sua grande maioria era fazer jus àquilo que vendiam nesses sites, daí o termo de internet dos sonhos que dependendo de como se olhe, poderia também ser tratada como a internet dos pesadelos.
Os apelidos refletiam a fantasia de cada um. Fosse destacando qualidades que não tinham ou criando personagens fictícios cujo apelido despertava na mente do usuário que se encontrava do outro lado da tela.
Era incrível como as pessoas se transformavam.
Quantas "Docinhas" que eu conheci que, ao encontrar pessoalmente não passavam de pessoas grossas, truculentas e, em muitos casos, até mal educadas.
Quantos "Gostosos" qualquer coisa que não passavam de pessoas comuns, quando não o totalmente inverso do apelido, fosse pela falta ou excesso de peso.
A intenção era mesmo chamar a atenção.
Conseguir se destacar e rolar papo, talvez arrumar um ou uma pessoa que despertasse a atenção e que valesse trocar e-mails ou marcar outros encontros com horário específico na sala ou canal em comum.
Conheci muitas histórias de pessoas que marcaram encontros - e naquela época às cegas, valendo-se apenas do como estariam vestindo - e tomaram um imenso, colossal e histórico cano... isso, quando não, mais de um.
Por princípios particulares e até pelo fato de não usar apelidos que dissessem lá algo muito ilusório, eu sempre honrei meus encontros.
Tá bom, é verdade... eu já saí para encontrar alguma princesa e acabei me deparando com o dragão, mas, como a princípio a proposta era se conhecer pessoalmente em nome da amizade, não havia problema algum matar o sonho de beijos e carinhos e ficar com o escudo da amizade estendido à frente.
Como já mencionado na postagem anterior, não existiam recursos básicos de acesso fácil e direto como hoje e, a tarefa de mandar um arquivo de foto pelo bate-papo era uma missão íngreme que cobrava do usuário além de esforço para gerar o arquivo, um conhecimento técnico extra para enviá-lo pela sala.
Claro, tinha o recurso do e-mail, mas ainda assim ter o arquivo com a foto era complicado e até arriscado, principalmente se fosse levar em consideração o apelido e a realidade exposta no infeliz arquivo escaneado.
Solução?
Fácil, bastava dar uma googada, encontrar algumas imagens de alguém que preenchesse os requesitos do perfil e enviar.
Com isso se estaria dando vida, rosto e corpo para o até então apelido virtual.
Cito, sem mencionar nome, um grande amigo que utilizava desse recuro, marcava encontro e só aparecia para certificar-se de quem era realmente a pessoa que queria conhecer o personagem criado.
Eu morria de medo e delirava com a aventura o envenenando que um dia iriam descobrir o truque, ou que o personagem ia acabar sabendo da tal história e que a coisa ficaria muito feia.
Mas acabava entendendo ao final, quando ele me dizia que a tal que ele ia encontrar era mais feia que uma briga de foice no escuro.
Nos divertíamos muito.
Os encontros eram sempre marcados em lugares públicos e, particularmente, eu sempre ganhava pontos com os que tomavam cano, pois sempre preguei que a coisa era tão errada que não tinha lógica que fizesse aquilo dar certo.
Cansei de ver ninfetas com mais de 30 anos, gatinho demode, sinceras mentirosas, bonitões e saradões nada a ver e até gostosinhas com tantas outras conjugações adiante que não passavam de mal amadas e mal cuidadas querendo iludir todo um universo virtual.
Conheci malucos que apavoravam as salas e depois se demonstravam dóceis, amáveis e de tantas outras posturas louváveis.
Mas conheci muita gente autêntica, real, admirável, com conteúdo, herança genética admiráveis - pois conheci muitos familiares dessas pessoas que deixavam claro o porque daquelas posturas honrosas - inteligências marcantes e até posturas hiper importantes que, graças a Deus, até hoje tenho o prazer de encontrar e relembrar os bons tempos do bate-papo e o prazer de termos nos encontrado e nos conhecido por lá.
Havia um prazer imenso em perguntar para a pessoa em nossos encontros "Qual o seu nick?" e ao ouvi-lo, poder destacar os assuntos, as qualidades e até mesmo os segredos que mantínhamos assumidos no decorrer de nossos papos.
No geral, por mais que as mudanças tenham ocorrido, ainda continua sendo os sites de relacionamento os repositórios de lamentações, brigas, fofocas, intrigas, namoricos, falsas paixões e tudo o mais.
Mas continua sendo também um ponto de encontro que estreita as distâncias, une opostos e nos dá uma grande oportunidade de garimpar por preciosidades que de outra forma jamais encontraríamos.
Graças a Deus, por onde frequento não se valem muito dos apelidos e sim dos nomes, mas ainda assim, uma grande maioria continua insistindo em demonstrar ser aquilo que não são.

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